terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

PEGADOR


Ainda me lembro do meu irmão naquele domingo ensolarado. Olhou no fundo dos meus olhos e disse para nunca me apaixonar, que isso era para os fracos, homem de verdade gostava, mas jamais se deixava levar pela paixão! Na verdade gravei essas palavras, porém sem entender direito o que ele quis dizer.

Então, cheguei na escola tirando onda com os meu amigos. Disse que era homem e não me apaixonaria por mulher nenhuma. Todos os homens ao me redor com menos de um metro e meio e alguns pêlos começando a aparecer no rosto me acharam o cara. A partir daí era o pegador da galera, sem nem ao menos ter coragem de chegar em nenhuma das meninas da minha sala.

Cresci com esse lema , afinal meu irmão era “o cara” pra mim. Sempre quis saber pegar ondas como ele e ter aqueles recados de meninas que ligavam lá pra casa. Ele só não me contou porque tinha dito aquilo e que eu não era o tipo que as garotas morrem de amores.

Nunca soube pegar onda, tirava boas notas na escola e gostava de ler quadrinhos.A maioria dos meus papos tinha um personagem do Marvel como exemplo. Definitivamente não tinha perfil de pegador, mas aquela frase me ajudou um pouco.
Meninas ficam irritadas com caras pegadores, mas são altamente competitivas. Vão tentar descobrir o porquê de sua fama, então fica a dica, nessa hora esqueça seus princípios e aproveite, talvez a fama não dure por muito tempo.(claro que não foi o meu caso)

Eu vivia bem minha vida de pegador até que conheci uma menina linda. Tentei provocá-la até despertar seu interesse. Ela descobriu que eu tinha blog e que nele escrevia minha visão da realidade, todas através do Marvel é claro. Eu não sabia que ela era a anônima que me criticava e instigava, que procurava saber cadê o pegador que existia aqui dentro. Na verdade não encontrou, o pegador só existia lá fora, no blog era o menino tímido que escrevia. Então, essa foi a carta na manga que ela tinha e eu ingênuo continuava meu jogo de sedução.

Por méritos meus consegui pegar a garota, mandei logo minha frase: -Gosto de você, mas não posso prometer nada. Afinal, não me apaixonava por ninguém, não era cara de me prender a uma quando podia ter todas. (ok, ok, me empolguei) Porém, ela conhecia o tímido por trás da capa, tinha todas as armas para me ter na mão. Eu continuava a dizer que não podia prometer nada, quando na verdade já tinha perdido meu coração.

Um dia me liguei que estava perdendo mais tempo pensando em como não me prender naquela história do que em investir em histórias novas. Foi aí que recorri ao meu irmão. Ele, claro, não lembrava de frase nenhuma. Fiquei na mesma, só que a frase não saia da minha cabeça. Sai com uns amigos pra ver se parava de pensar. Também não deu certo. Todas as minhas verdades tinham desmoronado, foi aí que fui diagnosticado com os sintomas que jurei desde muleque que não teria. -Apaixonado? Não pode ser! Não mudo de time, vou mudar de fama?

Foi então, que em um momento súbito e terminal que eu olhei pra ela e mandei minha frase: -Menina, não posso prometer nada, mas estou apaixonado por você!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

AMOR PERFEITO

Eles se conheciam desde a época da escola, eram amigos e mais nada. Ele é um rapaz tranquilo, amigável que gostava de jogar charme, costumava chamá-la de desnaturada só para ver sua reação. Ela é uma menina alegre, que gostava de ter amigos, falante como grande parte das meninas de sua idade.

Até que um dia resolveram se reencontrar e matar as saudades. Ele estava em um namoro turbulento e ela preocupada no que esse encontro ia dar. O primeiro olhar foi um pouco tímido, mas já demonstrava que algo em suas vidas iria mudar.

Ele moleque malandro (ok, nem tão malandro assim) já tinha comprado dois ingressos para ir ao cinema. Afinal, quem resistiria a um convite na mão?
Ela sem saber como reagir, mas super empolgada, aceitou sem muita hesitação. Aliás, não estava preocupada se o filme era bom, porque a história interessante estava pra acontecer ao vivo.

Ele bancou o menino sofrido com uma namorada incompreensiva, quase uma vítima. Ela bancou a princesa com poderes para salvá-lo das mãos da bruxa má. Então, a princesa resgatou o pobre menino prisioneiro de um relacionamento que só o fazia sofrer.

Até perceber que esse era a história mais clichê que existe desde que o mundo é mundo. No outro dia o menino ia voltar pra namorada cruel e ela ia voltar pra casa sozinha. Então, preferiu se despedir e deixar aquele momento guardado na memória.
Ele pensou diferente, realmente achava que poderia ser salvo por ela. Quando percebeu que não o procuraria mais, que não era do tipo que se enrola por muito tempo, correu para dar um fim no relacionamento que antes não tinha fim.

Quando a procurou, ela fugiu. Não sabia se queria trazer o conto de fadas para sua vida real. Acho que tinha medo da bruxa má. Mas, quando ela se apaixona não dá para esconder. Em seus olhos havia aquele brilho, em seus lábios aquele sorriso sem sentido. Jogou-se de cabeça no romance.

Eu diria que foram momentos turbulentos que antecederam uma linda história de amor. O menino feliz estava encantado com a namorada perfeita. Olhava para o lado e não via mais aquela bruxa cruel que manipulava seus sentimentos, sentia-se seguro e com esperanças para o futuro.
A menina via em seus olhos o príncipe real, carregado de alguns defeitinhos de fábrica, que ela poderia confiar e amar. Achava que o amor era mais forte que tudo e que eles eram do pequeno grupo que encontra o amor verdadeiro e vive feliz para sempre.

Mas alguém percebeu que havia uma palavra errada no meio dessa história? Ele achava que ela era a namorada PERFEITA, aquela cegamente apaixonada, que não olha para o lado, que faz tudo para agradá-lo, que tem como objetivo de vida fazê-lo feliz.  Então, um dia ela começou a achar chata essa vida perfeita. Conheceu pessoas interessantes, conheceu caminhos intrigantes. Por isso, quis olhar para o lado e ver como era a vida fora da caixinha que vivia.

Naquele momento percebeu que não era mais a namorada PERFEITA. Muito pior do que isso, a bruxa má passou a ser a referência dele e a princesa não passou de uma menina dissimulada e cruel. Pelo menos, na mente dele.

O fim do namoro foi recheado de verdades cruéis que estavam ali o tempo todo, mas o amor fez questão de maquiá-las. Ele partiu para seu próximo romance, mas antes deixou um gostinho de olha-o-que-você-perdeu, foi viver a vida com a próxima namorada perfeita que cruzou o seu caminho. Ela partiu para sua própria vida, foi viver fora da caixinha, desvendar os mistérios que a vida lá fora poderia proporcionar.

Talvez eles não consigam mais se encarar como antes. É difícil ver alguém depois que a ilusão se vai. Mas a vida segue, ninguém morre de amor. A princesa perfeita vai sempre ter o rosto que ele pintar e a vida dela tem a oportunidade de ser pintada com toda gama de cores da aquarela.